Vice-líder do PSDB na Câmara, o deputado Bruno Araújo (PE) reuniu-se nesta quarta-feira (14) em Londres com a Prêmio Nobel da Paz de 2003, Shirin Ebadi. A iraniana foi a primeira mulher muçulmana a receber o prêmio em reconhecimento ao seu trabalho em defesa dos direitos humanos. Ela está exilada para fugir de perseguições políticas do regime comandado pelo presidente Mahmoud Ahmadinejad.
Ebadi aproveitou o encontro com o tucano na Inglaterra para reforçar críticas à política externa brasileira, considerada por ela de "alto risco". Segundo o deputado, a iraniana demonstrou preocupação com a aproximação do Itamaraty com o Ahmadinejad.
“O apoio ao Irã quebra a tradição de uma política externa brasileira cuidadosa e respeitada. Quando o Brasil adota essa postura, trabalha de forma contrária ao esforço de muitos que sofrem e lutam no Irã para uma abertura democrática do país. Para Ebadi, a posição do Brasil legitima o apoio a um país que atenta contra os direitos humanos, a mulher, a liberdade e a democracia”, alertou Bruno Araújo.
Temor nuclear
Os dois também conversaram sobre a Cúpula de Segurança Nuclear, encerrada ontem em Washington com a participação de 47 países. O programa de enriquecimento de urânio do Irã foi o principal assunto nos bastidores e nas reuniões bilaterais durante o encontro. Há o forte temor de que o país esteja desenvolvendo armas nucleares secretamente.
O Brasil tem vaga rotativa no Conselho de Segurança da ONU e vem se posicionando contra a adoção de sanções contra o Irã. As imposições são defendidas por Estados Unidos, Grã-Bretanha, França e Rússia, integrantes permanentes do colegiado.
A postura do governo Lula neste assunto também foi reprovada por Shirin Ebadi. “Para ela, a decisão causa desconforto. A política nuclear do Irã viola os direitos humanos. No regime de Ahmadinejad, a democracia só existe no papel”, explicou Araújo.
De acordo com o tucano, ela aceitou o convite de universidades brasileiras para palestras e virá ao Brasil em setembro. A iraniana vai expor o momento político e econômico vivido pelo Irã, as dificuldades da população e a relação do governo brasileiro com o país islâmico. (Reportagem: Alessandra Galvão/ Foto: divulgação)
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