22 de abr. de 2010

Rumos diferentes na política externa

No passado, conquistas
→ A política externa de FHC esteve a serviço do esforço de modernização econômica, transformação social e amadurecimento político do país, com uma busca constante pelo aumento da presença brasileira na economia mundial. A defesa de uma globalização receptiva aos interesses do mundo em desenvolvimento e a participação ativa na definição de novas regras para o comércio internacional foram alguns dos vetores que marcaram a nossa diplomacia de 1995 a 2002.

→ No plano político, renovou-se a vocação do Brasil em favor da democracia, da paz, da cooperação internacional e do respeito aos direitos humanos, algo que o governo Lula relegou a segundo plano.

→ Entre as inúmeras conquistas no plano internacional, um dos destaques foi o episódio conhecido como "guerra das patentes", com uma histórica vitória do Brasil na Organização Mundial do Comércio (OMC). Graças a uma atuação firme e de grande repercussão internacional do Itamaraty e do então ministro da Saúde, José Serra, o governo FHC conseguiu abaixar os preços dos medicamentos destinados ao tratamento de portadores do HIV. Entre 1997 e 2001, a redução no preço do remédio foi de 48% e beneficiou pacientes em todo o mundo.

No presente, namoro com ditadores
→ Para o jornal "Financial Times", a política de relações exteriores do Brasil parece um "arco-íris" e caminha para minar a maior obsessão de Lula: conquistar para o Brasil um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU. Como lembra o periódico britânico, o petista "não sente nenhum desconforto em abraçar Hillary Clinton num dia e Mahmoud Ahmadinejad num outro."

→ São tantas as gafes, erros e ambiguidades do Itamaraty sob a gestão Lula que basta citar exemplos recentes:

→ Em fevereiro, um militante de direitos humanos morreu em Cuba após uma greve de fome de 86 dias enquanto Lula sorria e abraçava Fidel e Raul Castro. Em vez de defender mudanças naquele velho regime autoritário, o petista optou por atacar a greve de fome como instrumento de protesto, apesar de já ter recorrido a ela no passado.

→ A Colômbia é alvo de críticas do Itamaraty por fechar acordo com os EUA para usar bases colombianas, enquanto o governo brasileiro ignora o apoio da Venezuela à guerrilha das Farc e as compras de armas por Caracas, comandada pelo "companheiro" Hugo Chávez. Apesar dos sucessivos flertes com a ditadura, Lula avalia que no país vizinho há até "democracia demais".

→ No caso do Irã, Lula não somente ignora no plano internacional as ameaças nucleares do regime comandado por Ahmadinejad como se dá ao luxo de comparar manifestantes iranianos a "torcedores de futebol insatisfeitos". E, para completar, convidou o homem que nega o Holocausto para visitar o Brasil.

No futuro, uma nova perspectiva
→ Em seu discurso no último dia 10 e em entrevistas recentes, o pré-candidato do PSDB à Presidência, José Serra, já apontou uma proposta clara de mudança de postura do Itamaraty: o de respeito à autodeterminação dos povos, mas com uma atuação em defesa dos direitos humanos. Sob o comando de Lula, regimes autoritários como o de Cuba e do Irã fazem o que querem nessa área. "Democracias não têm operários morrendo por greve de fome quando discordam do regime", lembrou Serra no lançamento de sua pré-candidatura. (Reportagem: Marcos Côrtes)

Nenhum comentário: