22 de abr. de 2010

Uma usina de incertezas

Planalto quer tirar Belo Monte do papel na base do improviso

Uma obra marcada pelo improviso e pela insegurança em todas as áreas, abrangendo desde os aspectos jurídicos e financeiro, passando pelo impacto socioambiental no Pará. É dessa forma que parlamentares do PSDB avaliam a saga do governo Lula para tentar tirar do papel a usina de Belo Monte, que custará no mínimo R$ 19 bilhões. E pior: com tantas incertezas, esse preço pode acabar na conta do contribuinte.

“Uma obra como essa precisa ser muito bem planejada. Apesar de tantos estudos, há dúvidas sobre a viabilidade do empreendimento e sobre os impactos que ele causará”, alertou o deputado Nilson Pinto (PA) nesta quinta-feira (22). Na avaliação dele, as populações que residem na região do rio Xingu, onde a usina será erguida, serão as maiores prejudicadas.

Nilson Pinto acredita que a sociedade pagará o preço pela pressa do governo em querer colher dividendos eleitorais com Belo Monte. "Transformar uma obra com importância para o suprimento energético nacional no futuro em algo eleitoreiro é um erro gravíssimo que trará consequências desastrosas”, reiterou.

Ainda não se sabe, por exemplo, qual será o tamanho do desmatamento para abrigar as cerca de 100 mil pessoas que serão atraídas para a obra. Muito menos a extensão de floresta a ser desmatada para abrigar as cerca de 30 mil famílias, entre indígenas e pequenos agricultores, que serão desalojadas. Isso sem contar os impactos provocados pelas inevitáveis inundações.

“Os maiores impactos serão os socioeconômicos, porque durante a construção haverá geração de empregos temporários. Mas após a inauguração, haverá uma grande massa de desempregados na região”, avisou Nilson Pinto.

Já o deputado Luiz Carlos Hauly (PR) acredita que a obra nem sequer sairá do papel e o governo Lula terminará de forma melancólica na área de geração de energia. O Ministério Público, por exemplo, questiona a realização de leilão da última terça-feira (20) para a construção da hidrelétrica mesmo com uma liminar proibindo o processo. “A verdade é que a discussão sobre a construção da usina foi insuficiente. Além disso, fazem puro jogo de cena político", completou. Segundo ele, a conta bilionária de Belo Monte será paga pela população. (Reportagem: Letícia Bogéa/ Fotos: Eduardo Lacerda)

O número
30 mil
famílias, entre índios e pequenos agricultores, devem ser desalojadas para permitir a construção da usina.

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