Tucanos criticam tentativa de Lula de defender ditador africano
Os presidentes das Comissões de Relações Exteriores no Senado e na Câmara, Eduardo Azeredo (MG) e Emanuel Fernandes (SP), respectivamente, criticaram nesta terça-feira (6) declarações do presidente Lula sobre Obiang Mbasogo, que comanda Guiné Equatorial há 31 anos.
Segundo o petista, a nação chefiada pelo ditador africano respeita a democracia e os direitos humanos. No entanto, Obiang é acusado por organizações internacionais de corrupção e de perseguição de opositores, além de fraudar eleições e de violar direitos humanos.
Em visita ao país africano, Lula assinou acordos comerciais com o governo de Guiné Equatorial e admitiu a entrada desta nação na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, a CPLP. O português não é falado naquele país, mas foi incluído em 2007 entre os idiomas oficiais por decisão presidencial.
Para Azeredo, a CPLP vai acabar perdendo a sua identidade com esse tipo de adesão. Ainda segundo o senador, é contraditória a afirmação de Lula de que o ditador respeita a democracia e os direitos humanos. “O presidente brasileiro tem confundido as questões de Estado e os assuntos partidários. E nesse caso, ele não está sendo inclusive coerente com o passado de defesa dos direitos humanos e da democracia”, relembrou.
Emanuel também considera incoerente a fala presidencial. “Como um ditador pode respeitar a democracia? A construção dessa frase mostra o tipo de pensamento de Lula - o de que as coisas são relativas. O último que disse isso foi um ditador brasileiro: o general Geisel”, recordou.
Além de Guiné Equatorial, o roteiro de Lula na África inclui também o Quênia, a Tanzânia e a Zâmbia. Como destaca editorial do jornal "O Estado de S. Paulo", com as escalas programadas para esta viagem, Lula terá passado por 21 países da África em seus dois mandatos e visitado oito ditadores africanos - lista completada com Obiang.
Licença para matar
O ditador africano comanda Guiné Equatorial com mão de ferro desde 1979. Segundo a revista Forbes, Obiang Mbasogo é o oitavo governante mais rico do mundo. Ele acumula uma fortuna avaliada em US$ 600 milhões. Em 2003, a rádio estatal de Guiné Equatorial o descreveu como “o deus da Guiné Equatorial” e atribuiu a ele o direito de “matar sem ter de prestar contas a ninguém e sem ter de ir para o inferno”. (Reportagem: Artur Filho/ Fotos: Eduardo Lacerda e Ag. Senado)
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6 de jul. de 2010
Direitos humanos?
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Eduardo Azeredo,
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