26 de nov. de 2009

Ato eleitoreiro

Lula inaugura gasoduto no Amazonas que só funcionará em 2010

O senador Arthur Virgílio (AM) considerou a inauguração do gasoduto Urucu-Manaus da Petrobras, feita nesta quinta-feira (26) pelo presidente Lula, um ato "puramente eleitoral e, consequentemente, infantil". O gasoduto só poderá entrar em operação quando as termelétricas forem adaptadas para substituir o diesel utilizado hoje pelo gás natural. A previsão é de que isso ocorra apenas no segundo semestre do ano que vem.

Cinco vezes mais caro - Além da "manipulação" da obra com objetivos eleitorais, o senador também criticou o custo do gasoduto, avaliado em R$ 5 bilhões. "O gasto com a obra é cinco vezes superior ao valor previsto inicialmente para conclui-la. De duas uma: ou a Petrobras tem uma brutal incompetência para aferir seus gastos com a construção do gasoduto ou a obra foi superfaturada", disse Virgílio.

O gasoduto Urucu-Manaus tem 660 km de extensão e foi planejado para levar gás da região petrolífera de Urucu até Manaus, de onde abastecerá as termelétricas da região. Para o senador, a população não será beneficiada pelo gasoduto porque o preço final da obra refletirá sobre o preço final pago pelo consumidor. "O governo Lula criou uma expectativa: a de que os amazonenses iriam ser beneficiados pelo gasoduto, coisa que não deverá ocorrer por falta de planejamento da Petrobras", alertou.

Segundo o economista e diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura, Adriano Pires, a adaptação das termelétricas a fim de que elas possam operar com o gás deveria ter sido feita concomitantemente à construção do gasoduto. "Não tem lógica inaugurar o gasoduto sem que as termelétricas possam funcionar com o produto transferido por ele", afirmou Pires.

A obra do gasoduto Urucu-Manaus foi alvo de investigações da CPI da Petrobras. Destinado ao ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, um requerimento aprovado de autoria do senador Alvaro Dias (PR) pedia a relação de todos os contratos, aditivos contratuais e convênios entre a Petrobras e seus fornecedores ou prestadores de serviços na obra do gasoduto. A documentação, no entanto, não foi enviada à CPI.

Segundo auditoria feita pelo Tribunal de Contas da União (TCU), vários aditivos, espécie de novos contratos anexados ao contrato inicial, encareceram o gasoduto. Um deles, relativo à montagem no trecho final, a fez passar de R$ 666 milhões para R$ 1,2 bilhão. Ainda conforme levantamento feito pelo TCU, a compra por serviços similares tiveram diferença de preço de aproximadamente 2.000%.

"Eu até entendo que o custo da obra tivesse um aumento em relação à previsão inicial de gastos. Quem conhece aquela região sabe da luta para construir, a natureza hostil amazônica. Uma chuva numa estrada abre crateras, é natural, portanto, que haja gastos suplementares. Mas nada pode justificar um aumento tão brutal de preços como o ocorrido nessa obra", lamentou Virgílio.(Da Agência Tucana/Foto: Ag. Senado)

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