12 de nov. de 2009

Blindagem estratégica

Deputados questionam longo silêncio de Dilma sobre apagão

Os deputados Jutahy Junior (BA) e Antonio Carlos Mendes Thame (SP) questionaram nesta quinta-feira (12) a omissão da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, sobre o blecaute que atingiu 18 estados e o Distrito Federal na noite de terça-feira, prejudicando 60 milhões de brasileiros. Apenas na tarde de hoje, e após cobrança dos jornalistas, a petista comentou o assunto, e mesmo assim superficialmente. No auge do problema, ela ficou recolhida.

Oposição alertou em 2003 -Para eles, o Planalto está blindando a pré-candidata petista à Presidência da República e ex-ministra de Minas e Energia (2003-2005) para que ela não tenha sua imagem prejudicada. “Ela, que ultimamente fala sobre tudo, está se escondendo porque não sabe o que fez e nem o que aconteceu”, condenou Jutahy.

O tucano lembrou que, em 2003, quando Dilma apresentou o novo marco regulatório para o setor de energia elétrica, foi alertada pela oposição de que sua proposta acarretaria em diminuição de investimentos privados na área. “Mas a ministra se fez de desentendida e os investimentos de fato caíram nos dois anos seguintes. Em consequência disso, a segurança do sistema na área da preservação e gerenciamento da energia perdeu qualidade. O resultado foi esse apagão, uma situação de altíssimo risco decorrente de uma visão equivocada que desestimulou investimentos”, criticou.

Ainda segundo Jutahy, o governo agora faz de tudo para esconder a ministra. "Todos se pronunciaram, com suas versões vazias do fato, mas onde estava Dilma na hora do pronunciamento para falar a respeito de uma área pela qual ela era a grande responsável no governo Lula? Houve o blecaute, mas também houve a escuridão e a negação da presença de Dilma Rousseff”, condenou o tucano.

Para Mendes Thame, o blecaute foi “a demonstração mais cabal da ineficácia de gestão deste governo”. O tucano também questionou a omissão de Dilma em relação ao fato e atribuiu a ela parcela de culpa pelo ocorrido. “O problema se deu em uma área que foi administrada pela candidata do governo. Por isso, seu silêncio. O apagão poderia ter sido previsto e evitado, pois já está bem claro que não se tratou de nenhum fenômeno extremo da natureza”, apontou.

Pedido de explicações - Apesar de o governo tentar colocar o assunto como encerrado, ainda terá que prestar muitos esclarecimentos. O Ministério Público Federal abriu processo administrativo para apurar as causas do apagão que atingiu 18 estados. O Ministério de Minas e Energia, a Agência Nacional de Energia Elétrica, o Operador Nacional do Sistema Elétrico e a Usina Itaipu Binacional terão 72 horas para encaminhar as informações sobre o blecaute. O MPF pretende concluir em 15 dias uma análise sobre o caso com indicação de responsáveis pela primeira falha verificada.

Além disso, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, terá que prestar esclarecimentos na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara por solicitação do PSDB. E a pedido da Comissão de Minas e Energia da Casa, foi criada nesta quinta uma comissão externa para acompanhar as investigações sobre as causas do blecaute. (Reportagem: Djan Moreno/ Foto: Ag. Câmara)

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