22 de fev. de 2010

Ficando para trás

Baixos investimentos retardam crescimento do país, alerta Vellozo Lucas

O presidente do Instituto Teotonio Vilela, deputado Luiz Paulo Vellozo Lucas (ES), criticou nesta segunda-feira (22) a falta de investimentos produtivos no Brasil, o que atrasa o desenvolvimento do país. De acordo com a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico, entre as 11 maiores economias do mundo, o Brasil é a que possui a menor taxa de investimento (percentual do PIB destinado à construção e à ampliação da capacidade de produção): 17,52%. Na China, por exemplo, esse percentual era de 40% em 2007.

Fatores do atraso - “O crescimento de um país é diretamente proporcional aos investimentos. Não existe hipótese de expansão da economia sem eles”, alertou. Segundo o tucano, dois fatores principais fazem com que os indicadores nessa área sejam baixos no Brasil: o elevado custo da máquina pública e a falta de incentivos ao setor privado e às empresas estrangeiras para investirem no país.

“Os gastos com custeios são exorbitantes, enquanto os investimentos públicos, aqueles que o governo deveria fazer, ficam em segundo plano”, afirmou. “Os aportes do setor privado também são bloqueados por causa de regras não claras e do preconceito ideológico do atual governo com as concessões. Não há agilidade para fazê-las em áreas como a de transportes. Tudo isso atrapalha”, reprovou.

Vellozo Lucas afirma que mesmo no período em que a estabilidade econômica impulsionou o crescimento das economias em todo o mundo, o Brasil não acompanhou o mesmo ritmo da maioria dos países. “A expansão daqui foi menor que a dos países em desenvolvimento e mesmo se comparada com a maioria dos países da América Latina. Agora o mundo se recupera de uma crise e nossa recuperação também é discreta em relação ao resto do mundo. Tudo isso porque o governo não sabe investir”, criticou.

O Programa de Aceleração do Crescimento é um exemplo da incapacidade do Planalto para fortalecer a infraestrutura nacional. Em 36 meses de execução do PAC, nas obras encerradas foram aplicados R$ 256,9 bilhões, ou seja, 40,3% do total. Isso significa que, por ano, o governo gastou, em média, 13,4% do total. Para concluir o PAC no prazo, teria de executar 60% neste ano de 2010, ou seja, teria de multiplicar por 4,5 o ritmo da execução do programa.

O deputado também acredita que faltam políticas no Brasil capazes de tornar o país mais competitivo internacionalmente, principalmente no mercado industrial. “Falta conquistar competitividade internacional e isso se faz com ativismo governamental. Mas essa política é fraca. O governo Lula tem enorme preconceito em relação ao setor privado e à presença de empresas estrangeiras, o que dificulta o avanço da industrialização e da comercialização de produtos com maior valor agregado”, apontou.

Ainda na avaliação do parlamentar, o país tem potencial para agregar mais valor as suas mercadorias em vez de concentrar sua pauta de exportações com produtos primários. "Mas sem políticas específicas não será possível fazer isso acontecer. Temos capacidade para ganhar mercados, mas falta vontade política para isso”, reprovou. (Reportagem: Djan Moreno/ Foto: Eduardo Lacerda)

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