18 de fev. de 2010

Incompetência

Copa de 2014 tem custo incerto e obras atrasadas, alerta Silvio Torres

Um dos principais nomes na Câmara em assuntos relacionados ao esporte, o deputado Silvio Torres (SP) criticou o governo federal por não ter até agora um orçamento consistente a respeito dos gastos do país com a Copa de 2014. O tucano alertou ainda para a demora no início das obras necessárias para a realização do torneio.

Busca da transparência - “Os empreendimentos que o Brasil se comprometeu com a Fifa a tirar do papel estão muito atrasados, começando pelos estádios e, principalmente, os aeroportos. Obra atrasada significa custo maior, porque depois elas terão que ser realizadas a qualquer preço, como aconteceu nos jogos Pan Americanos de 2007”, afirmou Torres, que presidiu a Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara em 2009.

Na avaliação do parlamentar, é preocupante o governo ainda não ter identificado as despesas no Orçamento. Inicialmente todos os gastos em infraestrutura estarão por conta dos governos federal e estaduais, a maioria com financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Segundo reportagem da "Folha de São Paulo" publicada nesta quarta-feira (17), a Copa de 2014 já tem previsão de gastos 120% maior que o investido pela África do Sul para realizar o torneio em 2010. E mais: enquanto o Brasil não sabe ao certo quando gastará, as contas do torneio deste ano já estão praticamente fechadas.

No início deste mês, o governo federal divulgou apenas uma lista preliminar de projetos para a Copa. A relação incluiu 59 obras, sendo 12 delas em estádios. O custo previsto é de R$ 17,5 bilhões, incluindo verba federal, estadual e privada. Desse total, são R$ 5,3 bilhões para construção e reforma de arenas. O restante seria para transporte e obras nos entornos das praças esportivas. A Folha alerta que a tendência dos custos no Brasil é de alta, já que ainda não houve previsão sobre os gastos com segurança, tecnologia e infraestrutura esportiva, como centros de treinamento. As reformas em aeroportos também ficaram de fora.

Já a Copa da África do Sul tem gasto total previsto de R$ 7,9 bilhões. Esse valor inclui infraestrutura, estádios, comunicação, segurança e desenvolvimento esportivo. O investimento em arenas foi de R$ 3,1 bilhões e, em transporte, atingiu R$ 3,3 bilhões.

O tucano afirma que lá os números foram conhecidos com antecedência e o comitê organizador é muito mais amplo e democrático, com participação da iniciativa privada, do governo federal, além das entidades de futebol. “Existe muito mais transparência no país africano do que no Brasil. Aqui a transparência fica apenas no campo das intenções, pois não sabemos até agora o custo dos jogos de 2014”, frisou.

Diante desse quadro, o deputado reitera a necessidade de uma fiscalização ainda mais rigorosa e atualizada dos gastos. “Esse é o objetivo do portal de fiscalização que lançamos no ano passado para monitorar os gastos com a Copa de 2014. É fundamental controlar essas despesas para que elas não extrapolem aquilo que estava previsto”, apontou o tucano. (Reportagem: Letícia Bogéa/ Foto: Eduardo Lacerda)

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