11 de fev. de 2010

Sequência de erros

Erros no Enem são fruto de precipitação do governo, avaliam parlamentares

Estudo da Assessoria Técnica da Liderança do PSDB na Câmara apontou os nove principais problemas criados pelo governo ao modificar o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), lançado pela gestão FHC em 1998, e ao implantar o Sistema de Seleção Unificada (Sisu) como nova forma de os estudantes ingressarem no ensino superior. Além do cancelamento das provas em outubro de 2009, da alta abstenção e dos erros no gabarito, a assessoria apontou outros problemas que o governo teve ao fazer uma reformulação radical na avaliação.

Problemas sem fim - Para o deputado Rogério Marinho (RN), a insegurança causada nos alunos e nas instituições foi resultado de uma decisão açodada do Planalto ao implantar sem o devido preparo o “novo Enem”. “Toda mudança precisa ser maturada, feita com toda parcimônia e cuidado. Tínhamos um sistema arraigado há mais de dez anos e o MEC mudou tudo de forma açodada. A credibilidade de um sistema de avaliação considerado um dos melhores do mundo caiu de forma brusca”, lamentou o tucano.

A senadora Marisa Serrano (MS) compartilha do mesmo ponto de vista: faltou planejamento e infraestrutura no processo de mudanças. O resultado, lembrou a parlamentar, foram problemas de informática, logística, segurança, elaboração de conteúdos, divulgação do gabarito e correção da prova. “O novo Enem passou a ter quatro provas e uma redação. Com esse tamanho, os participantes mal tinham tempo de ler o enunciado, quanto mais de responder as questões”, assinalou em plenário.

A prova muito longa, que muitas vezes impede uma avaliação segura dos alunos, foi mais um dos problemas apontados no estudo da assessoria técnica. Os outros cinco foram: o choque de datas com exames de universidades pelo país, a falta de confiança das instituições no Sisu, os gastos do Ministério da Educação, que chegaram a cerca de R$ 128 milhões segundo o Siafi, e os problemas de funcionamento do novo sistema. Também ficou detectado o baixo nível de ensino médio no Brasil.

Para se ter uma ideia, das 58 universidades federais no Brasil, apenas 23 aderiram ao Sisu – ou seja, menos da metade. As deficiências do sistema já são conhecidos pelas instituições e pelos alunos: centenas deles não conseguiram fazer a inscrição para entrar na faculdade devido à lentidão no sistema.

O próprio ministro Fernando Haddad (Educação) reconheceu que o Enem foi um “trauma violento” para a sua pasta. Para Marinho, a forma de ingresso no 3º grau precisa ser alterada, mas de forma bem diferente da que vem sendo conduzida. “O vestibular há tempos não aponta quem está qualificado ou não para entrar para o 3º grau. Precisamos de mudanças, o que significa também uma total reforma do ensino médio no Brasil”, concluiu o deputado. (Reportagem: Rafael Secunho/Fotos: Eduardo Lacerda e Ag. Senado)

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