15 de mar. de 2010

ARTIGO

O impacto do crescimento desordenado das cidades

*Fernando Chucre


Entra ano e sai ano, os desastres naturais se repetem de forma cada vez mais violenta. Enchentes, deslizamentos de terra, terremotos, furacões, tsunamis sempre existiram e sempre existirão, mas é fato que causam maior impacto em áreas ocupadas desordenadamente.

O ano de 2010 começou com uma grande incidência de tragédias ambientais que causaram mortes e desabrigaram milhares de pessoas Brasil afora. Na virada do ano, Ilha Grande, no Rio de Janeiro, um paraíso turístico para brasileiros e estrangeiros, sofreu seguidos deslizamentos de terra e soterramentos de casas provocados pelo excesso de chuvas, pela inoperância do poder público e também pela imprudência dos homens que constroem suas residências e comércios em qualquer lugar tirando vantagem das magníficas paisagens da região.

Fatos como esse não são isolados, infelizmente. Sempre acontecem em diversas cidades e regiões do Brasil e seria injusto culpar apenas as alterações do clima. O homem é, com toda certeza, grande responsável pelos desastres que vêm acontecendo.

Há mais de dois meses, o estado de São Paulo tem sofrido com chuvas intensas e enchentes em várias áreas. Na verdade, a chuva vem castigando de forma impiedosa os paulistas. Recursos na tentativa de sanar os problemas e minimizar as perdas e dores das pessoas atingidas têm sido liberados constantemente pelo governo do estado, entretanto a cada dia aumentam o número de casos. Só para combater as enchentes, o governo estadual destinou um orçamento de R$ 305,6 milhões.

Décadas de problemas - Hoje, o que se vê principalmente na capital de São Paulo é reflexo de diversas ações ao longo do tempo. A falta de planejamento urbano, o desmatamento, a ocupação de áreas de risco e a falta de ação do poder público ao longo do tempo estão entre as principais causas para o caos que se vê.

É sabido e notório que a solução não virá a curto e médio prazo. Depende-se de tempo, investimentos do estado e do governo federal e mudança de comportamento da população para solucionar o problema das enchentes em São Paulo. A água acumulada nas ruas de São Paulo precisa da vazão que o concreto e o asfalto não podem dar.

A cidade e o estado destacaram-se no País e atraíram outros brasileiros que viram a oportunidade de uma vida melhor surgir no horizonte paulista. Veio o êxodo e com ele o crescimento acelerado. O problema da metrópole vem de décadas e mais décadas de inchaço populacional.

É importante ressaltar que, enquanto os governos não combaterem de forma eficiente o crescimento desordenado das cidades, as cidades continuarão sendo castigadas pela natureza de forma devastadora. Para tentar impedir novas tragédias, é preciso combater as construções sem projetos e sem análise de riscos, ter leis mais duras para quem desmata a natureza e para os que invadem áreas públicas. E fiscalização, acima de tudo. Só assim poderemos evitar o sofrimento, as perdas e os prejuízos provocados pelas tragédias ambientais.

*Fernando Chucre é deputado federal pelo PSDB de São Paulo

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