4 de mar. de 2010

Relegada a 2º plano

Deputados cobram medidas para combater desmatamento na caatinga

Especialistas na área ambiental, os deputados Nilson Pinto (PA) e Roberto Rocha (MA) cobraram nesta quinta-feira (4) ações mais eficientes do governo federal para monitorar e impedir o avanço do desmatamento na caatinga. Apesar de ser fundamental evitar a devastação na Amazônia, os tucanos alertam que as autoridades não podem esquecer de combater também a destruição nos demais biomas.

Números preocupantes - De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, entre 2002 e 2008 o desmatamento foi de 16.576 km2. O total desse bioma devastado passou de 43,38% para 45,39% no período, sendo que a taxa anual média chegou a 2.763 km2. Para Nilson Pinto, isso comprova que a caatinga tem sido relegada a segundo plano pelo governo Lula. “Esses números são assustadores. O governo precisa entender que a Amazônia não é o único bioma importante no país”, ressaltou.

Segundo o tucano, é grande o prejuízo que o desmatamento da caatinga trás para todos os habitantes da região Nordeste e do Brasil. “A caatinga é um bioma frágil. Por isso, ela requer uma atenção muito especial. Mas infelizmente o governo só tem olhos para a Amazônia”, frisou.

Ainda segundo o ministério, da lista de dez municípios que mais desmataram a caatinga nesses seis anos, quatro estão no Ceará, quatro na Bahia e dois em Pernambuco. A emissão média anual de dióxido de carbono (CO2) durante esse período, devido ao desmatamento da caatinga, foi de 25 milhões de toneladas. Entre as principais causas do desmatamento estão o uso da mata nativa para lenha e carvão e o avanço dos pólos agrícola e pecuário.

Na avaliação de Nilson Pinto, essas causas são semelhantes as que existem na Amazônia e poderiam ser redirecionadas para evitar o avanço do desmatamento. “O governo tem culpa na devastação e, tendo conhecimento das causas, deveria definir medidas concretas. Há necessidade de aumentar a fiscalização para evitar que novas áreas de caatinga sejam transformadas em lavouras. É necessário também ações para impedir o uso da madeira nativa na produção de lenha”, ressaltou o tucano.

O próprio Ministério do Meio Ambiente reconhece que a caatinga tem apenas 7% de áreas protegidas. Lá também vivem espécies endêmicas (aquelas que só ocorrem em uma determinada região) em extinção, como a arara-azul-de-lear, além de lagartos, anfíbios e pequenos roedores.

Roberto Rocha, por sua vez, reiterou a necessidade do governo ampliar a atenção na caatinga, pois afirmou que hoje a atenção é direcionada somente para a Amazônia. “O avanço sobre a caatinga e o cerrado precisam de mais atenção da opinião pública e dos governos”, cobrou o tucano, que presidiu a Comissão de Meio Ambiente em 2009. Ele reconhece que também falta ao Congresso Nacional fazer sua parte, aprovando as propostas de emenda à Constituição em tramitação há anos que elevam os dois biomas à condição de patrimônios nacionais do Brasil. (Reportagem: Letícia Bogéa/ Fotos: Eduardo Lacerda)

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