10 de set. de 2009

Artigo

Defesa Nacional não é política

William Woo*

O Comando da Aeronáutica (COMAER) do Brasil deu início, em maio de 2008, ao Projeto F-X2, que visa a desativação e substituição de aeronaves de combate da Força Aérea Brasileira (FAB). O objetivo do trabalho é dotar a FAB de uma frota padronizada de aeronaves de caça de múltiplo emprego. O planejamento prevê a substituição gradual das frotas de Mirage-2000, F-5M e A-1M.

Desde o princípio do projeto, a Aeronáutica tem dado transparência a todos os atos referentes ao assunto. Logo de início, o Comando deixou claro que o processo visaria buscar o melhor produto, e que seria levado em consideração, principalmente, o atendimento aos requisitos operacionais estipulados pela FAB. A avaliação também consideraria a logística, os custos, as condições das ofertas de compensação comercial e o grau de transferência de tecnologia para a indústria aeronáutica brasileira.

Durante o processo, seis empresas foram pré-selecionadas e receberam, em junho de 2008, solicitação para apresentarem informações: as norte-americanas Boeing e Lockheed Martin, a francesa Dassault, a russa Rosoboronexport, a sueca Saab e o consórcio europeu Eurofigther. Todas com capacidade de fornecer aeronaves de caça que serviriam aos anseios da FAB. Após primeira avaliação de propostas, em novembro, a Comissão Gerencial do Projeto F-X2 escolheu as aeronaves da Boeing (F-18 E/F Super Hornet), a Dassault (Rafale) e a Saab (Gripen NG) e enviou às empresas o Pedido de Oferta.

A partir de fevereiro de 2009 o COMAER, após receber as ofertas das empresas, realizou visitas técnicas e voos de avaliação e, em junho, encerrou a última rodada de esclarecimentos. Até o final deste mês, a Aeronáutica deve chegar à avaliação final das propostas das empresas aéreas.

É importante ressaltar que todo o processo representa um importante avanço para a Indústria de Defesa do país, o que possibilitará parcerias estratégicas de longa duração e trará condições ao Brasil de produzir ou participar da produção de caças de 5ª geração.

A empresa escolhida pela Aeronáutica, por meio da Comissão Gerencial do Projeto F-X2 com certeza será, sem sombra de dúvida, a mais competente, em termos técnicos, para atender à demanda proposta. Por isso, é importante ter em mente que a escolha da Aeronáutica deve ser respeitada por todas as instâncias a quem ela é subordinada, independentemente de posições pessoais, apelos políticos ou outro motivo que venha a manchar o excelente trabalho feito pelo COMAER até hoje.

*William Woo é deputado federal, vice-líder do PSDB, e membro titular da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara dos Deputados

(Foto: Eduardo Lacerda)

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