9 de nov. de 2009

Entrevista

Eleição de 2010 não será o mero plebiscito desejado por Lula

Em entrevista ao blog do "Diário Tucano", o sociólogo Alberto Carlos Almeida diz que Lula não terá controle absoluto sobre a campanha eleitoral de 2010 a ponto de transformá-la simplesmente em uma espécie de plebiscito entre o seu governo e o anterior, como pretende o petista revestido do seu sentimento de
"onipotência".


Almeida estará no Congresso nesta terça-feira (10) para o lançamento do livro “Erros nas pesquisas eleitorais e de opinião”, que faz um estudo sobre metodologia das pesquisas eleitorais e aponta caminhos para evitar resultados desastrosos nesses levantamentos. O lançamento ocorrerá às 18h no Salão Nobre da Câmara e deve contar com a presença de vários parlamentares do PSDB.

Lula sempre fala em transformar o próximo pleito em uma espécie de plebiscito sobre seu governo. Isso pode ocorrer?
Lula diz coisas que já acontecem no Brasil como se para ele fosse sempre uma novidade. O presidente não tem controle total da campanha e nem o seu candidato terá. Sempre se tem algum grau de plebiscito nas eleições, e isso não é novidade. Além disso, não existe só um lado que tem o controle da campanha eleitoral.

Apesar disso, o presidente insiste neste caminho. Por que ele acha que ele tem essa força?

O fato é que existe muitas vezes - e talvez seja o caso do presidente - um sentimento de onipotência, de que é possível tudo e que ele pode tudo. Mas as coisas não são assim na realidade. O esforço dele para fazer a sua candidata crescer tem sido muito grande, mas os resultados estão bem aquém do esperado.


O que provoca os erros nas pesquisas e como evitá-los?
O livro deixa isso claro no primeiro capítulo. Existe um erro no Brasil: o de colocar o percentual do primeiro colocado para cima na pesquisa, com percentual mais alto que nas urnas, e o segundo colocado ao contrário, com percentual mais baixo do que teve efetivamente. Nos votos brancos e nulos, colocam o percentual mais baixo, porque o eleitor dizia uma coisa na pesquisa e na hora votava diferente, principalmente no período em que o voto ainda era no papel. Com a crescente informatização, houve uma redução de votos brancos e nulos. O que levou a diminuir o erro na pesquisa foi a informatização da eleição, e não qualquer correção de metodologia dos institutos.

Em que regiões ocorrem os principais erros?
No Nordeste. Os políticos de lá precisam ficar mais de olho na qualidade das pesquisas do que em outras regiões do Brasil, porque como tem mais voto nulo e branco no Nordeste, consequentemente ocorrem mais erros de pesquisa.

Qual a receita para fazer uma boa pesquisa?
É necessário prestar muita atenção no erro não-amostral. Nele, não é o estatístico que conta, mas aquele que realmente sabe fazer pesquisa, coordenar um trabalho de campo, além de controlar se as pessoas respondem ou não as perguntas. Existe um erro não-amostral enorme. Ele ocorre quando os dados amostrais são coletados, registrados ou analisados incorretamente, tal como a seleção de uma amostra tendenciosa, o uso de um instrumento de medida defeituoso, ou cópia incorreta dos dados.

Serviço:
"Erros nas pesquisas eleitorais e de opinião"
Alberto Carlos de Almeida
Grupo Record/ Editora Record
196 páginas
Preço: R$ 39,90
Mais informações no site da Editora Record. Leia AQUI
(Reportagem: Letícia Bogéa/ Foto: TCE-RJ)

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