8 de dez. de 2009

Desigualdade

Pobreza atinge com mais força as famílias chefiadas por mulheres

A deputada Rita Camata (ES) alertou nesta terça-feira (8) para o crescimento das desigualdades social e econômica entre gêneros, constatada por levantamento do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade.

Soluções - De acordo com o estudo, embora 2,8 milhões de pessoas tenham saído da indigência nas dez principais capitais brasileiras ao longo dos últimos 15 anos, o núcleo da extrema pobreza é feminino, especialmente em famílias providas por mulheres com menos de 35 anos.

Da tribuna, a parlamentar do PSDB manifestou sua preocupação com os dados do IETS. Em 2008, o número de cidadãos extremamente pobres era de 3,5 milhões de pessoas, sendo que 1,8 milhão de lares com pessoas nessas condições eram chefiados pelo sexo feminino.

“Ou seja, fica constatado que a desigualdade de gêneros tem crescido. Embora o total de pessoas com renda familiar per capita até R$ 104 tenha se reduzido em 44%, essa diminuição não repercutiu em famílias sustentadas por mulheres”, reiterou. Segundo a reportagem publicada pelo jornal "Valor Econômico" com base no estudo, a pobreza adquire maior contorno feminino porque as famílias chefiadas por mulheres raramente são beneficiadas pelas melhorias no mercado de trabalho.

Para Rita, um dos principais instrumentos que devem ser adotados para mudar esse quadro é a universalização das creches. “Isso é necessário para atender milhões de mães brasileiras que não podem oferecer a seus filhos condições adequadas e seguras para que elas possam cumprir, com tranqüilidade, suas jornadas de trabalho”, afirmou.

A parlamentar avalia que, em geral, as famílias chefiadas por mulheres são mais pobres por contar apenas com a renda do trabalho feminino, muitas vezes menor que a do trabalho masculino. Além disso, ela citou levantamento da economista Lena Lavinas sobre a ausência do público feminino entre os contemplados pelo Bolsa Família. Segundo o estudo, 60% das pessoas que não recebem o benefício são mulheres chefes de família.

“Vale registrar a análise da economista Lena: quanto mais a política foca públicos específicos, menos alcança quem precisa. Por isso é preciso pensar em políticas universais. E qualquer problema de inclusão da mulher no mercado deve ser bem equacionado”, defendeu Rita Camata. "É necessário um equilíbrio entre renda e vida pessoal. O Estado e a sociedade devem ofertar o amparo mínimo para que a mulher possa cumprir, de modo digno e pleno, seu duplo ofício de mãe e trabalhadora”, completou. (Reportagem: Djan Moreno/ Foto: Ag. Câmara)

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