7 de dez. de 2009

Erros na diplomacia

Defesa de Zelaya pelo Itamaraty é "capricho ideológico", diz Duarte Nogueira

O 1º vice-líder do PSDB na Câmara, deputado Duarte Nogueira (SP), criticou nesta segunda-feira (7) a posição brasileira diante da situação política em Honduras. Mesmo após o direitista Porfirio Lobo ter sido eleito no último dia 29 para ocupar a presidência em eleições limpas, o Itamaraty continua inflexível na defesa da recondução de Manuel Zelaya, que recebeu asilo político na embaixada brasileira em Tegucigalpa, onde o presidente deposto permanece refugiado.

Estratégia sem fundamento - “O pleito aconteceu, as instituições em Honduras estão funcionando e houve um presidente eleito pelo povo. Portanto, não posso compreender o porquê da diplomacia brasileira continuar a insistir em um capricho ideológico ao defender Zelaya”, reprovou Duarte. O tucano destacou ainda que a eleição que consagrou Porfirio respeitou as determinações da Suprema Corte do país e foi aprovada pelo Parlamento por maioria acachapante.

Além disso, o Congresso ainda vetou a restituição do poder a Zelaya, deposto em 28 de junho. As autoridades brasileiras, no entanto, partem do princípio de que as eleições foram uma maneira de legitimar o governo de Roberto Micheletti. Isolado internacionalmente, o presidente Lula afirmou que reconhecer a vitória de Porfirio seria “compactuar com o vandalismo político na América Latina”, além de falar em golpe de Estado.

Segundo lembrou Duarte, a situação do Brasil é desconfortável e o asilo dado a Zelaya representa uma estratégia sem fundamento. “A ideologia infelizmente continua contaminando o Itamaraty. Essa postura prejudica as relações internacionais de nosso país e coloca o Brasil em situação desconfortável em relação a todo esse conflito”, alertou.

“Asilo se dá quando o asilado sofre uma perseguição dentro de seu próprio país, o que não aconteceu. E o mais grave é que ao que tudo indica, foi o governo venezuelano que patrocinou a entrada de Zelaya em território hondurenho novamente”, complementou. Especialistas em política internacional também criticaram a posição brasileira e temem que, em breve, o país fique totalmente sozinho na defesa do presidente deposto. O fato de o Itamaraty ter permitido que Zelaya fizesse da embaixada o seu escritório político sem previsão de saída também é considerado um equívoco pelos analistas. (Reportagem: Rafael Secunho/ Foto: Du Lacerda)

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