Roberto Rocha (*)
A política é terreno fértil para a imaginação. Território dos achismos, já foi comparada às nuvens, mutantes cada vez que as olhamos. A contraface disso são as pesquisas eleitorais, fruto da sofisticada ciência estatística fundada em rigor e consistência lógica. Mas uma coisa são pesquisas, outra coisa são as interpretações das pesquisas.
Havia no ar um assanhamento, estimulado por mau jornalismo, que antecipava a "derrocada da candidatura do PSDB", fruto da "maré enchente" da candidata oficial do Governo. A magia dos números associada à indigência intelectual de alguns aguardava o momento inevitável da "ultrapassagem de Dilma sobre Serra", destinado a "comer poeira na corrida sucessória". Manchetes e notas de jornal saboreavam essa "crônica da derrota anunciada". Eis que veio a última pesquisa do Ibope e um estridente silêncio voltou a reinar no noticiário.
É verdade que os números mostram o crescimento da candidata governista, mas não confirmaram a prenunciada ultrapassagem. Pior, espelharam os resultados obtidos pelo Datafolha de quase dois meses atrás. E se olharmos com cuidado os números que emergem das tabulações e cruzamentos, veremos que há sinais fortes apontando as fragilidades da postulante anabolizada pelo programa de aceleração de candidaturas.
O primeiro ponto relevante é que o crescimento da ministra Dilma não se dá sobre os votos do governador Serra, ou seja, não há o chamado efeito gangorra, que acontece uma vez consolidadas as candidaturas.
Vemos pelos cruzamentos que embora seja menos conhecida que Serra, Dilma desponta com uma rejeição superior. Apenas 44% dizem conhecê-la bem ou mais ou menos, e 35% afirmam que não votariam nela de jeito nenhum. Ora, ainda que parte da rejeição venha do desconhecimento, esse número é muito alto comparado aos 29% de Serra, que desfruta de um conhecimento superior a 75%.
Isso se traduz no gradiente muito superior de Serra sobre Dilma quando subtraímos as respostas de intenção (votaria-não votaria). Serra tem 35% contra 14% de Dilma, o que revela um maior potencial de voto.
Atente-se também para o fato de Dilma não ser melhor votada entre as mulheres ou os eleitores de menor renda. São variáveis que não constituem nichos de força eleitoral, como se supunha. Já o governador Serra demonstra notável homogeneidade em todas as variáveis, seja faixa de idade, porte dos municípios, sexo ou renda, o que configura uma candidatura robusta, difícil de perfurar com as tradicionais estratégias de desconstrução de imagem.
Também é curioso o fato de que aqueles que dizem conhecer Dilma melhor serem justamente os eleitores dos pequenos municípios, de menos de 5 mil habitantes, descaracterizando uma provável margem de crescimento exponencial nos grotões, como sugerem alguns analistas. São dados recolhidos da pesquisa Ibope, que indicam que a fantasia de crescimento contínuo da candidatura oficial esbarra na realidade crua de que ela já está alcançando sua base de largada.
Por último, vale notar que o clima de opinião favorece Serra, a despeito da pré-campanha que vem sendo feita em favor de Dilma. Isso é o que mostra a pergunta sobre quem vencerá a eleição, independentemente do voto. Serra alcança 45% contra 26% de Dilma. Ou seja, considerando o cenário de segundo turno, muitos eleitores de Dilma acham que ela não ganhará. Já os eleitores de Serra confiam na vitória. Vale dizer, o eleitor demonstra mais confiança que alguns setores do próprio PSDB que se alarmam com os soluços dos números.
Não há vitoriosos nem perdedores de véspera. Caminhamos para uma renhida disputa confiantes de que temos o mais preparado e experiente candidato para conduzir os destinos do país.
(*) O deputado Roberto Rocha é deputado federal pelo PSDB do Maranhão.
Um comentário:
Parabens pela excelente materia.
Vejo hoje no Brasil uma certa manipilação de resultados em pesquisas, pois infelismente eu meno nunca vi um unici pesquisador em um lugar publico. e olha que eu viajo o brasil todo ministrando cursos.
mas o que eu vi principalmente na regiao norte e nordeste do Brasil, uma coisa que eu achei interessante, centenas de pessoas desocupadas,a espera do dia de receber sua bolsa voto, pois la se espalha que se o Serra ganhar vai ser tirada esta bolsa dos mesmos. isso é manipulaçao.
talves por isso quando se pesquisa por la , e principalmente como sao feitas as pesquisase com quem quis que fosse pesquisado, temos estes resultados.
agora cade os governadores destes estados, que nao sabe cuidar e levar ao mesmo o desenvolvimento que temos aqui no sudeste.
e somente ficam falando mal dos governos do PSDB.
mas eles se esquecem que foi este governo que deu INSTABILIDADE A NOSSA MOEDA E DEU CONDIÇÕES DO BRASILEIRO TER ALGO.
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