26 de fev. de 2010

Descaso

Falta de ações preventivas provocou novo surto de dengue

A deputada Thelma de Oliveira (MT) e o deputado Duarte Nogueira (SP) criticaram o descaso do Ministério da Saúde no combate à dengue. Os tucanos atribuíram o novo surto da doença em diversas partes do país à falta de ações preventivas e de combate aos vetores relacionados à dengue, como a proliferação do mosquito aedes aegypti.

Cadê as campanhas de conscientização? - Cinco estados confirmaram na última semana a existência de epidemia em algum município. Em Goiás, por exemplo, circulam três tipos de vírus da dengue. Segundo a Secretaria Estadual de Saúde do estado, isso aumenta a possibilidade de se contrair a doença na sua forma mais grave.

Só em Mato Grosso, estado da deputada Thelma, foram registrados até a última quarta 18.176 casos da doença somente neste ano - um aumento de 530% em relação ao mesmo período do ano passado. Já são 13 óbitos confirmados por causa da doença. Ribeirão Preto (SP) também vive, oficialmente, uma epidemia. Números divulgados ontem pelo Centro de Controle de Zoonoses apontam 1.714 casos confirmados da doença. É mais do que todos os casos ocorridos em 2009, quando 1.550 pessoas tiveram a doença.

“Vemos que há um verdadeiro descaso instalado tanto em Mato Grosso quanto em todo o país. Isso porque os governos estadual e federal não fizeram um trabalho preventivo que é fundamental”, apontou Thelma. De acordo com ela, a população tem papel fundamental na prevenção da doença, mas que para isso precisa ser conscientizada. “E é dever dos governos realizar campanhas conscientização e investir na melhoria dos hospitais, do programa de saúde da família e em ações de extermínio do mosquito”, afirmou.

A tucana acredita que se tais medidas tivessem sido adotadas a situação hoje seria diferente. “Em Mato Grosso o governo estadual acreditava que o problema estava apenas na capital e deixou tudo por conta da Prefeitura de Cuiabá. Isso é um erro, pois os governos municipal, estadual e federal precisam trabalhar em parceria. O resultado foi esse que vemos: o estado está em 1º lugar no aumento do número de casos. Agora é preciso correr atrás do prejuízo, realizar os atendimentos na rede pública, combater o mosquito e outras ações que poderia ter sido evitadas se tivesse havido prevenção”, lamentou.

Duarte Nogueira acredita que o problema tem início em âmbito federal e produz reflexos em todo o país. “Há uma carência de campanhas de conscientização e de educação ambiental e sanitária. O governo federal tem a obrigação de estabelecer um programa nacional de combate à doença. Ele até existe, mas não tem a legitimidade necessária. Ou seja, há muito discurso e propaganda mentirosa, mas na realidade muito pouco é feito”, criticou.

O deputado acredita que o esforço das prefeituras e estados não é suficiente para, sozinhos, impedir as epidemias. “Se não houver um programa nacional organizado não se obtém resultados. O Ministério da Saúde é um dos órgãos federais com o maior volume de recursos disponíveis, mas se queixa da falta de verbas. Isso é no mínimo fruto de incompetência, pois verbas existem. O que falta é realizar as ações corretas, como essas campanhas de controle de endemias, e melhorar a rede pública de saúde", condenou. (Reportagem: Djan Moreno/ Fotos: Eduardo Lacerda)

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