O deputado Antonio Carlos Pannunzio (SP) rebateu nesta sexta-feira (19) as declarações do presidente Lula publicadas no jornal “Estado de S. Paulo”. Na entrevista, o petista minimizou a campanha ilegal antecipada que tem feito para tentar turbinar a candidatura da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) em diversos cantos do país, atacou o Governo de São Paulo e negou que a máquina pública federal esteja inchada, apesar dos números dizerem o contrário.
Afronta à legislação eleitoral - Para o tucano, o presidente se faz de desentendido ao dizer que “as pessoas não podem proibir que um presidente da República inaugure as obras que fez”. “Todo mundo está cansado de saber que não tem nenhum problema o presidente inaugurar obra. Mas ele transforma a cerimônia em palanque para a sua candidata, levada a tiracolo. A candidata não tem nada a ver com a obra, mas está sempre com ele, numa clara afronta à Lei Eleitoral”, observou.
Pannunzio reiterou que a campanha é regulamentada pela Justiça Eleitoral e só pode ser feita a partir de 5 de julho. “Não está em tempo de apresentar a sua candidata a sucessora, não ocorreram as convenções e temos um período eleitoral regulamentado pelo TSE. Infelizmente, a interpretação do sentido da palavra democracia para Lula e a maioria do PT é bem diferente da real”, criticou.
O parlamentar lamentou ainda os ataques do presidente ao PSDB, que governa o estado de São Paulo há 15 anos e até hoje não teria “dado um jeito” no rio Tietê e no problema das enchentes. “O presidente vive há muito tempo em São Paulo e tem por obrigação conhecer o que está sendo a obra de recuperação da calha do Tietê, uma das maiores do estado. Se não tivéssemos feito esse investimento, o caos na cidade por conta das chuvas estaria bem pior”, lembrou.
É válido lembrar que no início deste mês o governador José Serra assinou decreto aumentando em 50% o orçamento para combate às enchentes. A suplementação orçamentária é de R$ 105 milhões e as licitações, que serão lançadas até março, totalizarão investimentos de R$ 305,6 milhões. O valor se destinará ao desassoreamento e a recuperação dos principais afluentes e córregos do Rio Tietê. A expectativa é que até o final deste ano o desassoreamento do rio seja de 1 milhão de metros cúbicos.
Outro ponto que chamou a atenção de Pannunzio é o presidente ter garantido que o Governo de SP teria muito mais cargos comissionados que o governo federal. “É uma declaração descabida. De um mandato para o outro Lula dobrou o número de cargos de confiança. Eles aparelham a máquina, mas o serviço de ponta que atende a população continua enfraquecido”, comparou.
O número médio mensal de postos criados pela gestão do PT aumentou de 23,8 nos quatro primeiros anos do governo para 54 a partir de 2007 - vagas essas muitas vezes destinadas a apadrinhados políticos. O levantamento foi publicado recentemente pela “Folha de S. Paulo” e tem como base medidas provisórias e projetos de lei que criam vagas no Executivo. (Reportagem: Rafael Secunho/ Foto: Eduardo Lacerda)
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