Tucanos defendem investigação de denúncia envolvendo o ex-ministro José Dirceu
Os deputados Arnaldo Madeira (SP) e José Aníbal (SP) cobraram nesta terça-feira (23) investigação sobre as reais intenções do governo Lula com a recriação da Telebrás. No discurso oficial, essa estatal seria usada para colocar em prática o Plano Nacional de Banda Larga, que será lançado pelo Planalto ainda neste semestre.
No entanto, reportagem publicada hoje pela “Folha de S. Paulo” revela a atuação de uma rede de interesses privados junto ao governo paralelamente ao discurso oficial do fortalecimento estatal do setor. De acordo com o jornal, o ex-ministro José Dirceu teria recebido pelo menos R$ 620 mil do principal grupo privado a ser beneficiado caso a estatal seja reativada.

Negociata – José Aníbal não descarta o pedido de instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a tentativa de reativação da Telebrás e o possível esquema de corrupção no governo com a participação de Dirceu. “Essa reportagem é a indicação firme de que, por trás dessa tentativa de recriação da Telebrás, está em curso uma verdadeira negociata”, afirmou o tucano.

Para o deputado, diante das manifestações públicas do presidente Lula a favor da recriação da estatal, as investigações devem começar o quanto antes. “Além de se tratar de uma negociata, ela pode ter sido patrocinada pelo presidente da República, que vem defendendo a recriação da Telebrás”, afirmou Aníbal.
Segundo ele, ressuscitar essa empresa seria “uma vergonha” , pois além de “absolutamente desnecessária”, serviria apenas como um novo cabide de emprego do PT e para beneficiar “os fundos de corrupção para beneficiar Zé Dirceu e o PT”. “É preciso saber até que ponto o presidente pode ter envolvimento nessa negociata e o melhor instrumento pode ser uma CPI”, completou.
Entenda
De acordo com a reportagem da Folha, os R$ 620 mil foram pagos à Dirceu a título de “consultoria” pelo empresário Nelson dos Santos, dono da Star Overseas, sediada nas Ilhas Virgens Britânicas. Em 2005, Santos havia comprado participação de 49% na empresa Eletronet, praticamente falida, por R$ 1. A Eletronet era dona de 16.000 km de cabos de fibra óptica ligando 18 Estados, o que não cobria suas dívidas, estimadas em R$ 800 milhões.
Após Santos contratar Dirceu, o governo decidiu usar as fibras ópticas da Eletronet para reativar a Telebrás e arcar sozinho com a caução judicial necessária para resgatar a rede, hoje em poder dos credores. Estima-se que o negócio renda ao empresário R$ 200 milhões. Segundo Santos, o dinheiro pago a Dirceu não se destinou a lobby. O ex-ministro, acusado também por comandar o esquema do mensalão não comentou as acusações. (Reportagem: Djan Moreno / Fotos: Eduardo Lacerda)
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