26 de mai. de 2010

Apelo dos prefeitos

Oposição obstrui votações na Câmara para garantir mais recursos para a saúde



A oposição obstruiu com sucesso as votações no plenário da Câmara nesta quarta-feira (26). A estratégia do PSDB, do DEM e do PPS é barrar as votações até a aprovação do projeto que regulamenta a Emenda 29. Segundo o líder tucano na Câmara, deputado João Almeida (BA), a aceitação deste projeto no Congresso será uma resposta a uma das principais reivindicações dos prefeitos que participaram da "Marcha a Brasília em Defesa dos Municípios", ocorrida semana passada.

“O governo não se movimentou para garantir mais recursos à saúde. As verbas destinadas ao setor estão bem abaixo da necessidade. A matéria teve a votação iniciada na Câmara e o governo, insatisfeito, suspendeu o processo. Queremos que a regulamentação da emenda volte à pauta e o Congresso delibere sobre ela para que os resultados sejam sentidos no orçamento de 2011”, destacou Almeida.

A oposição defende o projeto original aprovado pelo Senado. Segundo o texto, a União deverá destinar 10% de sua receita corrente bruta (RCB) para a saúde em 2011. Porém numa manobra polêmica, a base governista na Câmara incluiu na Emenda 29 a criação da Contribuição Social para a Saúde (CSS). O novo imposto, batizado pela oposição de “nova CPMF”, paralisa a votação da emenda desde junho de 2008 no plenário da Casa.

O texto principal já foi aprovado pelos deputados, mas resta ainda a votação de destaque da oposição que retira a base de cálculo da CSS, inviabilizando a cobrança do imposto. Temendo uma derrota, o Planalto segurou a tramitação do projeto. “A arrecadação de impostos do governo continua crescendo. Não há justificativa para a criação de um novo imposto”, rechaçou o líder tucano.

De acordo com Almeida, são os municípios e os prefeitos que mais sofrem com as fragilidades do SUS. "O município, em última instância, é quem mais sofre com esse problema e tem que empenhar mais recursos. As pessoas vivem nas cidades e batem na porta do prefeito quando têm problemas de saúde”, apontou o líder do PSDB.

Orçamento federal teria mais de R$ 25 bi adicionais graças à Emenda 29
Promulgada pelo Congresso em setembro de 2000 após o empenho do então ministro da Saúde, José Serra, a Emenda 29 é fundamental para fortalecer a saúde pública, ao estabelecer percentuais mínimos de aplicação de recursos no setor pela União, estados e municípios. Conforme destacou o líder do PSDB, a regulamentação trará um aumento significativo de verbas. Somente neste ano, a saúde poderia ter R$ 25,8 bilhões adicionais se a regulamentação estivesse em vigor. Para 2011, o valor ultrapassaria R$ 33 bilhões.


O número
R$ 10,3 bilhões
É a projeção de arrecadação com a nova CPMF somente neste ano caso a proposta encampada pelo governo Lula estivesse em vigor. A oposição é totalmente contra a criação deste tributo.


Planalto tem interesse eleitoreiro em projeto de banda larga
Na sessão extraordinária desta noite na Câmara, a oposição pediu o adiamento da discussão do projeto de lei que permite o uso de recursos do Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (Fust) para ampliar o acesso à internet banda larga nas escolas públicas. Para o líder da Minoria, Gustavo Fruet (PR), o Planalto tem interesse eleitoral com essa matéria, que acabou não votada por falta de quórum.

“O governo não está defendendo a internet nas escolas, mas sim administrar, a poucos meses das eleições, bilhões de reais via Casa Civil”, apontou. O líder da Minoria afirmou que havia recursos disponíveis, mas o governo não realizou a inclusão digital. Segundo ele, dos R$ 7,6 bilhões arrecadados pelo fundo, ainda restam mais de R$ 3 bilhões em caixa.

Durante o debate no plenário da Câmara, o líder da Minoria enfatizou que não se trata de quem é a favor ou contra a internet nas escolas, mas sim de como o governo mais uma vez se aproveita da situação. "Este projeto não traz transparência", resumiu. E mais: dos 173 municípios escolhidos pelo Planalto para receberem internet sem fio, quase todos são aliados do governo. "Trata-se de um projeto de poder. Afinal qual o critério técnico e econômico que exclui municípios administrados por prefeitos de oposição, justamente a quatro meses das eleições?", questionou.


(Reportagem: Alessandra Galvão com assessoria da Liderança da Minoria/Foto: Eduardo Lacerda) - Texto atualizado às 23h00

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Um comentário:

Marcos César Brancalhão disse...

me responda uma coisa, se por acaso essa afronta aos nossos bolsos for aprovada, a iof vai acabar ou termos que arcar com as duas formas de imposto no páis da bandalheira dos impostos.