19 de mai. de 2010

Manutenção necessária

País está prestes a enfrentar outro colapso aéreo por falta de profissionais

Especialistas alertaram nesta quarta-feira (19) para a falta de profissionais aptos a atender o setor aeroviário. De acordo com o comandante Luiz Roberto Vilella, presidente da Sete Linhas Aéreas, em breve haverá um colapso. "Não tem mecânico e nem piloto”, resumiu em audiência pública realizada para debater melhorias no Código Brasileiro de Aeronáutica. Segundo ele, muitos aviões estão parados nos hangares por falta de pessoal para manutenção.

O deputado Vanderlei Macris (SP) ficou perplexo com a realidade enfatizada pelos debatedores. Segundo eles, a falta de mecânicos aeroviários pode comprometer a aviação comercial e a segurança aérea. O presidente do Sindicato Nacional das Empresas de Táxi-Aéreo, comandante José Assumpção, alertou que a formação de pessoal é crítica não só de mecânicos, mas também de pilotos.

A diferença, de acordo com os especialistas, é que a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) oferece bolsas de estudos para interessados em ser pilotos, o que não acontece com os que querem ser mecânicos de aeronaves.


O tucano cobrou providências por parte da ANAC para mudar essa realidade. Ontem, também em audiência pública, o diretor do Sindicato Nacional dos Aeroviários (SNA), Paulo de Tarso Gonçalves Jr., já havia alertado que o setor tem deficiência na quantidade de profissionais para manutenção das aeronaves.

“Os mecânicos mais antigos estão se aposentando e saindo. Com isso, faltam profissionais. Isso pode comprometer a segurança, porque além da falta deles, há um aumento da carga horária dos atuais profissionais. Isso estressa todo o sistema e cria dificuldade. É uma situação muito grave”, reiterou Macris.


Paulo de Tarso ressaltou que o mercado de trabalho do setor aéreo é fechado e os cursos são muito caros, dificultando a capacitação de novos profissionais. De acordo com ele, os estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, principais centros da aviação, só possuem 15 escolas para a formação de novos mecânicos.

O deputado do PSDB está preparando um requerimento para enviar à Anac no qual questionará quantas escolas existem de preparação de mecânicos e se há estímulos por parte da agência para esses profissionais. “A Anac terá que dar uma explicação. Não podemos esperar outra tragédia acontecer e só depois constatar que os aviões estavam sem a manutenção necessária”, resumiu.


Frases

Não é segredo para nós que há enxugamento do mercado [aéreo] por esgotamento de mão de obra. Do ponto de vista do Estado, não há uma política visando a formação de mecânicos.”
Vice-presidente da Associação Brasileira de Aviação Geral (ABAG), Ricardo Nogueira.

Temos uma situação muito preocupante, para a qual não dão a devida atenção. Não podemos esperar um novo acidente e, passar por outro colapso no setor aéreo. Um carro, quando tem problema mecânico, para. Já um avião cai.”
Dep. Vanderlei Macris (SP)

O número:
5 anos
é a média de tempo para a formação de um mecânico e de um piloto de avião.

(Reportagem: Letícia Bogéa com assessoria do deputado/ Foto: da assessoria do deputado)

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