12 de mai. de 2010

Só no papel

Atraso no PAC mostra distância entre discurso e prática do Planalto

Os deputados Gustavo Fruet (PR) e Ricardo Tripoli (SP) voltaram a criticar o governo federal pelo atraso nas obras do Programa de Aceleração do Crescimento. Segundo reportagem do "Correio Braziliense", grandes empreendimentos do PAC que somam cerca de R$ 100 bilhões serão entregues somente no próximo governo, apesar da promessa de finalização ainda neste ano. Na avaliação dos parlamentares, isso mostra, mais uma vez, a distância muito grande entre o anunciado e o executado pelo Planalto.

Para Fruet, o governo do PT é cheio de “boas intenções”, fazendo com que a população crie expectativa sobre algo inexistente. O tucano criticou o governo por anunciar investimentos no PAC 2 sem sequer concluir obras do PAC 1. “Os números vem demonstrando a baixa execução e, mesmo assim, o governo lança um novo programa e anuncia para a Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2011 a possibilidade de remanejar 30% do orçamento do programa, além de tirar do TCU o poder de interrupção de obras irregulares. Isso diminui o papel de fiscalização do tribunal e do Congresso”, ressaltou.

Segundo Tripoli, o PAC representa uma espécie de sonho que nunca será realizado. “É um projeto virtual, mais uma falácia deste governo. A população não sabe nem o que é PAC”, destacou. “Esta é uma gestão que vive de metáforas: inventam, criam marcas e tentam fazer com que a população acredite. Mas com o tempo as pessoas estão percebendo que não há a mínima possibilidade de as obras serem concluídas”, acrescentou.

Números mostram baixa execução

O levantamento do "Correio" revela três tipos de atrasos em 100 obras investigadas.

Em um primeiro grupo, estão os empreendimentos que seriam entregues até o fim de 2010. Orçados em R$ 67 bilhões, serão concluídos no próximo governo. São obras de saneamento, habitação, aeroportos, metrôs, rodovias e ferrovias.

Em um segundo, estão obras que o governo ainda promete para o fim do ano, totalizando R$ 7 bilhões. A média de execução desses projetos em três anos não passou de 30%. Nesse grupo, há transposição de rios, ações de irrigação, rodovias e, novamente, obras de saneamento e habitação.

No último grupo, estão obras que deveriam começar na gestão Lula para terminarem no próximo governo. Avaliadas em cerca de R$ 40 bilhões, a maioria delas nem sequer teve início. Nesse grupo, estão hidrelétricas, linhas de transmissão e indústrias petroquímicas.

→ Neste ano, de um orçamento de R$ 28,6 bilhões, o governo executou até o último dia 7 apenas 3,9% do total - o equivalente a R$ 1,1 bilhão. Extraídos do Siafi, os dados foram pesquisados pela assessoria técnica do PSDB na Câmara.

Transnordestina é um bom exemplo da lerdeza
→ Reportagem do Correio mostra que a ferrovia Transnordestina, que vai ligar os portos de Pecém (CE) e Suape (PE) com mais de 1.700km, gastaria originalmente R$ 4,5 bilhões e deveria ser entregue no final de 2010. Porém, passados três anos, o orçamento subiu para R$ 5,4 bilhões, mas apenas 20% das obras foram executadas. A entrega agora está prometida para 2012.

(Reportagem: Letícia Bogéa/ Fotos: Eduardo Lacerda)

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