8 de nov. de 2010

Ações engessadas

Deputada defende autonomia das escolas para melhorar a educação do país

A deputada Professora Raquel Teixeira (GO) lamentou nesta segunda-feira (8) a administração ineficiente dos recursos públicos investidos na educação no Brasil. Segundo estudo da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), o problema provoca a perda anual de R$ 56 bilhões. De acordo com reportagem do jornal “O Estado de S.Paulo”, caso o país investisse na área com a mesma eficiência de outros sete países da América Latina, a média de escolaridade nacional subiria 2,4 anos e o PIB per capita aumentaria 10,5% em dez anos.

A tucana disse que, por mais esforço que os gestores façam, eles não são qualificados para melhorar a qualidade do ensino. “A dificuldade das nossas escolas em ter autonomia engessa as ações dos diretores. O Brasil precisa pensar urgentemente numa gestão mais flexível”, cobrou.

Para mudar esse quadro, a parlamentar também defendeu uma gestão mais eficaz com avaliação e cobrança de resultados. “É necessário um planejamento estratégico. Isso depende de uma política pública voltada para a área e de um estímulo que venha de cima para mudar a forma de administrar os recursos da educação”, ressaltou.

Ainda segundo a reportagem do "Estadão", entre 1999 e 2008, o Brasil gastou US$ 978 anuais por estudante, resultando em uma média de 6,1 anos de estudo da população. As sete nações latino-americanas (Uruguai, Bolívia, El Salvador, Peru, Paraguai, Nicarágua e Equador) usadas no comparativo gastaram em média 7,4% a mais que o país (US$ 1.050 por estudante) e a escolaridade da população ficou 35,2% superior à brasileira.

O levantamento mostra que o Brasil investe mais que os outros países da América Latina, mas tem resultados menos efetivos na aprendizagem, na taxa de aprovação e no desempenho. Para a deputada, isso ocorre devido a falta de políticas adequadas para o setor. “Não adianta só jogar o dinheiro. É preciso formar os gestores e ter bons sistemas de avaliação sem problemas de operação como existe hoje”, ressaltou, referindo-se ao erros provocados pelo governo federal no Enem.

China também gasta menos que Brasil, mas tem ensino mais eficiente

→ A taxa média de analfabetismo nacional foi de 11,3%, e a desses países da América Latina, de 8%. A repetência dos alunos do primário, no Brasil, atingiu 21,4% dos alunos - índice também muito superior a dos outros países latino-americanos, que tiveram 5,8% de repetência.

Além da média dos anos de escolaridade, o país fica atrás na qualidade do ensino oferecido. Das 57 nações que participam do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa, na sigla em inglês) - exame que mede habilidades de jovens de 15 anos em leitura, ciências e matemática -, o Brasil ficou com a 52ª posição, perto de países do Oriente Médio e África.

→ Na comparação com outros países, o Brasil perde ainda mais. A China gasta o correspondente a 48,5% do gasto do Brasil, mas tem anos de escolaridade 19% superior, além de uma menor taxa de analfabetismo. (Reportagem: Letícia Bogéa)

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