28 de ago. de 2009

Alhos com bugalhos

Tucanos contestam estudo do Ipea sobre produtividade

Parlamentares tucanos criticaram nesta sexta-feira resultados de estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) que compara a produtividade dos setores público e privado. O Comunicado nº 27 conclui que o setor público teria avançado mais que o privado em termos de produtividade entre 1995 e 2006. Para chegar a essa conclusão, o instituto se baseou no valor agregado definido pelas contas nacionais e a força de trabalho ocupada de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad).

Equívoco rudimentar - Para o líder tucano no Senado, Arthur Virgílio (AM), o presidente do Ipea, Marcio Pochmann, misturou “alhos com bugalhos”. “Trata-se de ignorar o mínimo significado de uma variável e tentar inferir dela algo que ela própria não informa. Resta saber o que move um dirigente de instituição tão séria e respeitada a cometer equívocos tão rudimentares. A intenção seria tentar justificar mais gasto com custeio, sem se preocupar com a receita”, apontou.

Para o senador, não colou a forma que o Ipea encontrou para justificar o alto número de funcionários na máquina administrativa e o crescente gasto com custeio. A opinião é compartilhada pelo deputado Luiz Carlos Hauly (PR). “Passamos por um momento em que a despesa pública é maior que a arrecadação. O que sobra do PIB toda a população brasileira tem que pagar no final do ano, seja o cidadão, as empresas, a indústria, o exportador”, exemplificou.

Especialista em contas públicas, o economista Raul Velloso também não vê sentido na análise do Ipea. “Não dá para comparar as duas coisas. O setor privado é voltado para maximizar o lucro e diminuir os custos. No setor público não tem isso”, lembrou. “A análise é feita em cima da força de trabalho e nos dois setores ela é diferente. O setor público contrata pessoas dentro do regime estatutário, via concurso e o critério é saber se as contratações cabem no orçamento. Não tem nada a ver com o lucro”, ponderou.

O estudo mostra algumas variáveis como uma maior produtividade do setor público no ano de 2006 - 46,6% maior que no privado. E cita que o Nordeste e o Centro-Oeste tiveram uma melhoria considerável na produtividade da administração pública entre 1995 e 2004. “Não acredito que essa produtividade tenha avançado tanto. O que acontece no Brasil hoje é que o serviço público é motivo de descontentamento de grande parte da população. Basta perguntar a qualquer cidadão. Não me parecem sensatas as conclusões do Ipea”, finalizou Hauly. (Reportagem: Rafael Secunho/ Fotos: Ag. Senado e divulgação)

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