14 de set. de 2009

Distorção

Inadimplência não é justificativa para spread abusivo, diz Pannunzio

O deputado Antonio Carlos Pannunzio (SP) culpou nesta segunda-feira banqueiros e o governo pelo elevado spread bancário praticado pelas instituições financeiras brasileiras. De acordo com levantamento do Fórum Econômico Mundial com base em dados de 2008, o índice bateu 35,6%, deixando o país em segundo lugar entre os que possuem os mais altos spreads no mundo. Segundo os bancos, esse indicador, que representa a diferença entre o pago pelas instituições para captar recursos e o que cobram dos clientes, é tão alto no país em virtude dos altos índices de inadimplência. “Isso é um mito e uma distorção da realidade”, rechaçou Pannunzio.

Empréstimos caros - Atrás apenas do Zimbábue, país que vive uma das piores situações econômicas no momento, o Brasil sofre as consequências do elevado spread bancário, como os altos custos para empresas e consumidores pegarem empréstimos. Segundo Pannunzio, a desculpa da inadimplência não convence porque os juros no Brasil estão entre os mais altos do mundo e o país não figura sequer entre os 15 com maiores índices de inadimplência. “O Banco do Povo de São Paulo, por exemplo, tem uma inadimplência de menos de 1%”, lembrou.

Segundo o tucano, a população está sujeita ao abuso de poder econômico cometido pelos bancos e a mercê da falta de vontade do governo de combater o problema. “Além desse absurdo de spread, os bancos ainda cobram taxas de serviço exorbitantes por tudo, algumas até consideradas ilegais. O governo não faz nada e corrobora com essa prática abusiva, pois não a coíbe, papel que deveria assumir, já que uma de suas funções é regulamentar as relações entre essas entidades e a sociedade”, criticou.

Para o parlamentar, além de fixar a taxa básica de juros, o governo deveria fiscalizar e criar mecanismos para coibir as cobranças abusivas dos bancos, reduzindo assim os spreads bancários. “Ninguém toma providências. Por isso a situação chegou a esse ponto. O governo está dormindo em berço esplendido. Fiscalização é o caminho”, alertou.

Na terça-feira, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, deve participar de audiência pública realizada na Comissão de Legislação Participativa para debater os spreads bancários no país. Ainda sobre esse tema, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, afirmou que criará em seu país uma agência de proteção ao consumidor para evitar enganos por parte dos consumidores sobre as taxas cobradas pelos bancos. Assim como Pannunzio, Obama também defendeu punições e fiscalização para coibir os abusos cometidos pelos bancos. (Reportagem: Djan Moreno/ Foto: Eduardo Lacerda)

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