25 de fev. de 2010

Influência nefasta

Caso Telebrás reforça atuação de Dirceu em negociatas ligadas ao governo, diz líder


O líder do PSDB na Câmara, João Almeida (BA), classificou de graves as denúncias envolvendo o nome do ex-ministro e deputado cassado José Dirceu (PT). O petista teria recebido R$ 620 mil de um grupo privado que ganharia milhões de reais com a reativação da Telebrás por parte do governo Lula. Para o líder, esse é mais um caso de tráfico de influência e mostra como Dirceu participa, mesmo longe do governo, de episódios nebulosos envolvendo o Planalto.

CPI sob estudo - “Não há dúvidas de que Dirceu ainda participa de negociatas relacionadas ao governo. Mesmo depois de cassado, o rastro dele está sempre sendo visto em várias ações vinculadas à defesa de interesses privados junto ao Palácio do Planalto”, afirmou. Para Almeida, a instalação de uma CPI para investigar o assunto não está descartada e pode ajudar a esclarecer as denúncias.

Reportagem publicada na última terça-feira (23) pela “Folha de S. Paulo” revelou a atuação de uma rede de interesses privados junto ao governo paralelamente ao discurso oficial do fortalecimento estatal do setor de telecomunicações. Segundo o jornal, Dirceu teria recebido a bolada da empresa Star Overseas para um serviço de "consultoria". A Star também é dona da Eletronet, uma empresa de fibras ópticas que seria contratada para a reativação da Telebrás. Estima-se que o negócio renderia ao dono da empresa, Nelson dos Santos, cerca de R$ 200 milhões.

“Considero equivocada a forma como a reativação da Telebrás está sendo feita: criando privilégios para determinado grupo e com o governo anunciando que a estatal seria resgatada e revalorizada para possibilitar que em torno disso se montasse uma teia de ganhos totalmente fora da lei”, reprovou.

No discurso oficial do Planalto, a Telebrás deveria ser usada para colocar em prática o Plano Nacional de Banda Larga, que será lançado pelo Planalto ainda neste semestre. Mas, para Almeida, há outros caminhos para fazê-lo. “Se o governo quer universalizar a banda larga, o que é uma boa iniciativa, temos um sistema montado com as companhias privadas e pode-se usar o dinheiro do fundo de telecomunicações no processo. Não precisava utilizar desses expedientes”, destacou. (Reportagem: Rafael Secunho/Foto: Eduardo Lacerda)


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