6 de out. de 2009

Busca de soluções

Em SP, especialista aponta caminhos para combater desaparecimentos


A pedido do deputado Vanderlei Macris (SP), a Assembleia Legislativa de São Paulo promoveu ontem a 1º audiência pública externa da CPI destinada a investigar o desaparecimento de crianças e adolescentes no Brasil. Participaram especialistas e autoridades envolvidas de alguma forma em projetos que buscam coibir e colaborar na resolução desses casos, que chegam a 40 mil por ano no país. “Essa foi a primeira de tantas audiências que deverão ocorrer para que possamos discutir esse grave problema e, consequentemente, buscarmos soluções emergenciais”, ressaltou Macris, 2º vice-presidente do colegiado.

Ações preventivas e banco de dados- A professora da Faculdade de Medicina da USP e coordenadora do “Caminho de Volta", Gilka Gattás, foi uma das expositoras. Ela falou sobre esse projeto, desenvolvido pela universidade em parceria com a Secretaria de Segurança Pública do Estado desde 2004. O principal objetivo é colaborar com as famílias no âmbito psicológico e também na construção de um banco de dados de DNA. “Nós realizamos esse trabalho aqui na cidade, porém, em todo o país existe a incidência de crianças desaparecidas”, ponderou Gilka ao destacar a importância da criação de um banco de dados nacional.

Esse sistema concentra o DNA dos familiares e das crianças ou adolescentes desaparecidos, coletados por meio do material biológico de uma gota de sangue e um pouco de saliva. “O material é cruzado com o material biológico de toda criança cujo reconhecimento visual seja difícil ou impossível, o que possibilita a confirmação de vínculos de parentescos”, destacou. Outra medida simples apontada pelo projeto é a renovação de fotografias das crianças anuais nas escolas públicas, possibilidade que será defendida pela CPI. “Para famílias mais carentes, a fotografia recente que poderia contribuir muito nas buscas é uma realidade distante”, comentou.

Segundo pesquisa realizada pelo "Caminho de Volta" com 650 famílias que sofreram esse drama, 63% das crianças foram localizadas. O levantamento também apontou que os principais motivos pela fuga das crianças entrevistadas se referem a maus tratos físicos, seguido por alcoolismo na família. De acordo com Gilka, a prevenção é o foco principal do projeto. “Essa é a nossa menina dos olhos. Precisamos contribuir para solução dos casos existentes. No entanto, precisamos diminuir o número de ocorrências”, apontou.

Macris enalteceu esse projeto e ressaltou que a CPI deverá buscar subsídios para apontar soluções para o problema. “É preciso, com certeza, a criação de políticas principalmente no que se refere à prevenção de novos casos”, enfatizou. Novas audiências externas devem ocorrer em outros estados para a coleta de mais dados e diagnósticos sobre as causas dos desaparecimentos. (Da redação com assessoria do deputado/ Foto: divulgação)

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