Cinismo

Lula tenta reescrever a história ao negar mensalão, diz Aníbal

Parlamentares do PSDB reagiram às declarações do presidente Lula de que o mensalão foi apenas uma armação da oposição contra ele. Na entrevista que foi ao ar na Rede TV! no último domingo (15), o petista foi taxativo ao negar a existência do esquema de compra de apoio ao governo no Congresso com dinheiro desviado dos cofres públicos. Para o líder do PSDB na Câmara, deputado José Aníbal (SP), ao negar a existência do mensalão o presidente Lula está querendo mudar a história e tirar essa mancha da sua biografia.

Mentira deslavada - “Essa é a pior prática dos governos autoritários”, criticou. Na avaliação de Aníbal, o presidente da República sabia do esquema do mensalão, ao contrário do que afirma. “Não adianta Lula mentir e querer passar essa mentira para a sociedade. Todo mundo sabe que o mensalão existiu no governo dele. Pior, tem gente que diz que continua a existir”, afirmou o tucano.

Lula disse ainda ter "desconfiança" da relação entre o PT e Marcos Valério. O publicitário emprestou dinheiro ao partido, que, por sua vez, o teria repassado a deputados aliados. O presidente insinuou suposta armação na aproximação entre o seu partido e o operador do escândalo político que marcou o seu primeiro mandato. O petista disse ainda que depois de deixar a Presidência vai se inteirar do assunto, mas que como presidente ele não pode ficar “futucando".

Para o deputado Zenaldo Coutinho (PA), as declarações do presidente Lula são cínicas e mentirosas. “O Brasil todo sabe que o mensalão foi um mecanismo de compra de votos do Poder Executivo junto ao Congresso Nacional para garantir apoio político. As declarações são de um cinismo absoluto e não passam de mentira deslavada. É um absurdo achar que todo mundo é imbecil. Isso é um desserviço à democracia”, condenou.

Da tribuna, o senador Alvaro Dias (PR) também fez duas críticas ao presidente Lula por suas declarações. "É como negar a existência do Sol, da Lua, das estrelas, da Terra e da própria vida. O mensalão foi provado por meio de documentos, testemunhas e confissões em comissão parlamentar mista de inquérito", recordou. O parlamentar manifestou o desejo de que o Supremo Tribunal Federal (STF) seja rigoroso no julgamento dos 40 indiciados pelos crimes do "mensalão" para que a população restabeleça a confiança nas instituições públicas.

O maior escândalo da gestão Lula veio à tona em junho de 2005, quando o então deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) revelou à "Folha de S. Paulo" a existência desse sistema de compra de votos. Também naquele ano, o então procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza, denunciou 40 pessoas supostamente envolvidas com o caso ao STF, que ainda julga os processos. Na ocasião, Souza classificou o grupo de "organização criminosa". Os 40 foram acusados de crimes como formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, evasão ilegal de divisas, corrupção ativa e passiva, além de peculato. (Reportagem: Alessandra Galvão com Agência Senado/ Fotos: Du Lacerda e Ag. Câmara)