23 de nov. de 2009

Recepção nada calorosa

Tucanos comandam protestos contra visita de Ahmadinejad

Os deputados Marcelo Itagiba (RJ) e Zenaldo Coutinho (PA) comandaram protestos nesta segunda-feira (23) no Congresso Nacional contra a presença do presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, que veio ao país a convite do Itamaraty. Os tucanos levantaram faixas com manifestações contrárias a Ahmadinejad e reprovaram, durante pronunciamentos e entrevistas, posições mais polêmicas do iraniano. Ahmadinejad nega a ocorrência do holocausto, persegue homossexuais, discrimina mulheres e insiste na construção de armas nucleares em seu país.

Política externa equivocada - Durante as manifestações, os tucanos foram acompanhados por sobreviventes da Segunda Guerra. Entre eles, o presidente da Associação de Sobreviventes do Nazismo, Ben Abrahan, de 84 anos. Faixas com frases como: "Holocausto nunca mais" e "Ninguém pode apagar a história" foram erguidas pelos deputados e manifestantes antes e durante a chegada do iraniano ao Legislativo. Mais cedo, o grupo protestou em frente ao Palácio do Itamaraty, onde Lula recebeu o iraniano.

Para Itagiba, a visita de Ahmadinejad ao Brasil é uma ofensa à democracia e resultado de uma política externa equivocada comandada pelo Itamaraty. “É um erro recebermos um ditador que persegue minorias, viola os direitos humanos e não permite que seu povo se expresse livremente. Esse presidente nega a existência do holocausto, que ceifou a vida de mais de 6 milhões de judeus. Não satisfeito, ainda quer o extermínio do Estado de Israel”, condenou.

O tucano considerou um perigo para a humanidade que armas nucleares estejam sob a posse de Ahmadinejad e disse estar na expectativa de que o presidente Lula falasse a seu colega que o povo brasileiro deseja a paz, reconhece o holocausto e não admite a negação desse fato histórico. “Concordo plenamente com o governador de São Paulo, José Serra, que, em artigo, resumiu a presença do iraniano no Brasil como indesejável. Temos que repudiar esse criminoso, que se iguala a besta nazista”, condenou o tucano, que empunhou um cartão vermelho de reprovação a Ahmadinejad em discurso no plenário.

Na opinião de Zenaldo, o presidente do Irã ofende também os direitos humanos, pois renega a liberdade de imprensa e persegue minorias. Essas são algumas das razões pelas quais o tucano acredita que a visita do iraniano não deveria ter acontecido. “A aproximação com essa ditadura apenas trará prejuízos a imagem e relação do Brasil na comunidade internacional. O próprio Irã não possui um bom diálogo nem com os países da comunidade árabe que possuem a mesma ideologia religiosa”, alertou.

Para o deputado, o Itamaraty tem sido covarde diante do Irã. O tucano lembrou episódio ocorrido na última semana, quando o Brasil se absteve em votação na ONU, ao mesmo tempo em que mais de 70 países subscreveram um manifesto de repúdio ao Irã pelas atitudes de seu presidente. “O custo social, humanitário e político dessa relação de Lula com esse presidente será infinitamente superior a qualquer benefício econômico que possa surgir disso”, reiterou. (Reportagem: Djan Moreno/ Foto: Du Lacerda)


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Um comentário:

Ricardo Kaptzan disse...

O atual governo, a fim de obter apoio no seu pleito por uma vaga (rotativa)no conselho de Segurança da ONU, esta prejudicando severamente a politica externa do país de longo prazo. Será que vale a pena? Não há necessidade de reiterar-se a postura politica externa independente do país, ela já é sabida por todos, então por que isso agora? Até a Russia, tradicional parceiro do Irã, desde os tempos dos Czares, esta perdendo a paciencia com a estratégia belicista do Irã.